22 de dez. de 2009

Eu não sou a única!

Quando criança e adolescente, sempre detestei o cor de rosa, não sabia o porquê. Mais tarde em minha vida eu chamava-a de cor da opressão, que obrigava as meninas serem cor de rosas (serem gentis, passivas, bonitas * e esperarem serem salvas pelo seu príncipe encantado). Agora a cor de rosa para mim não representa mais uma opressão, superei-a, mas não significa que ela ainda não seja opressora. Com o passar do tempo tenho observado uma crescente divisão do mundo das meninas e dos meninos, pela simples coloração das coisas. Cada vez mais, por incrível que pareça hoje em dia, há a divisão do que é feminino e o que estritamente masculino sem que possa haver a unificação desses dois mundos ou ao menos o intercâmbio, “meninas sejam cor de rosa e meninos sejam azuis”.

Não estou me explicando bem, é mais algo que eu sinto, mas acho que serve de exemplo, o criador das meninas super poderosas a fez tanto para meninas quanto para meninos, mas acharam que venderia melhor se fosse só para meninas, o que fizeram então? Fizeram todos os acessórios das meninas cor de rosa e com o passar do tempo o desenho passou a ser desenho de menina.

O motivo de eu ter escrito essas linhas contraditórias foi para eu falar que eu não me sinto sozinha nesse mudo, acabei de ver uma matéria na Folha de São Paulo de duas mães que pensam como eu!!!! Que júbilo.


"Duas mães inglesas declararam guerra ao que chamam de "rosificação" --a onipresença da cor rosa no universo das meninas--, um fenômeno relativamente recente que vai além da cor e que, segundo elas, limita as aspirações das pequenas.

Emma e Abi Moore, duas irmãs gêmeas de 38 anos, lançaram a campanha no blog PinkStinks (Rosa é uma droga) em 2008 para desafiar a cultura do rosa baseada na beleza, em detrimento da inteligência, que é imposta às meninas praticamente desde o berço.

"Queremos abrir os olhos das pessoas para o que está se passando no marketing dirigido às crianças", explica Emma Moore, que critica duramente a tendência rósea que vai da moda até os brinquedos. "Queremos que as meninas saibam que podem ser tudo que quiserem ser, independente dos que os fabricantes queiram vender para elas."

As empresas investem 100 bilhões de libras (US$ 160 bilhões) anuais apenas no Reino Unido em publicidade para conquistar o lucrativo mercado das crianças, ávidos consumidores futuros, segundo um estudo governamental publicado na semana passada.

Basta entrar em qualquer loja de brinquedos para perceber a monocromia que reina nas seções para meninas. O rosa não é apenas a cor das bonecas e fantasias de princesa, mas também das bicicletas, telefones e até mesmo brinquedos até então unissex.

"Isso nem sempre foi assim. Nos anos 70, quando crescemos, o Lego era apenas o Lego, com todas as cores", afirma Emma. "Agora o Lego para as meninas é rosa e tudo gira em torno de cavalos alados e fadas. Isso não é natural."

Também existem versões cor de rosa do jogo de palavras Scrabble, com a palavra "fashion" (moda) formada na tampa da caixa, e do Monopoly (Banco Imobiliário), onde as casas e hotéis foram substituídos por lojas e shopping centers.

Segundo as militantes, até pelo menos a Primeira Guerra Mundial o rosa era a tonalidade dos meninos, enquanto o azul claro era considerado mais apropriado para as meninas. Para elas, a "rosificação" extrapola a cor.

Os brinquedos para as meninas reproduzem em sua maioria atividades consideradas femininas, como o cuidado de bebês, a limpeza da casa e cuidados com a beleza, o que incute nelas cada vez mais a atual "obsessão pela imagem".

"Muitos desses produtos parecem bastante inofensivos, mas se somam a essa cultura de celebridade, fama e riqueza, que está danificando as aspirações das meninas sobre o que podem ser", assinala Emma.

A campanha, que conta com milhares de seguidores no Facebook, gerou polêmica no Reino Unido, onde um jornal classificou as irmãs Moore de "feministas severas e sem senso de humor". "


*Para as meninas serem bonitas é necessário maquiagem, roupas da moda, salto e trejeitos de mulheres adultas e de preferência as mais sensuais.
Obs.: os detalhes do blog são cor de rosas, mas eu já superei essa cor, ela é apenas uma cor, não vai mais "reinar sobre mim", mas eu acho que cor de rosa e a cor que mais combina com cinza...

21 de dez. de 2009

I see dumb people

Uma das coisas que irritam profundamente é a incoerência de discurso, principalmente a incoerência de discurso daqueles que falam cheios de razões sobre determinado assunto e vem dar uma de (palavra que eu odeio, mas ainda não encontrei uma que a substitua) pseudo-intelectualizado.

Porra, se você for dar um discurso cheio de lições, please, honey, seja coerente. Um dia no ônibus estava a ouvir um rapaz “cheio de marra” a reclamar da “porra do sistema capitalista”, “dessa merda de burocracia”, “do controle social” e “do maldito tio Sam”, bem até aí, tudo bem, podia ser um esquerdista radical, nem sei se isso pode ser considerado esquerdista, mas com certeza se considerava um, pra mim tudo bem, pode ser o “o diabo de quatro” que eu estou pouco me importando.

Logo depois desse discurso político - social –engajado – rebelde, o cidadão me vem cheio de pérolas estilista, de como tudo que não faz parte do padrão classe media alta, eixo sul e sudeste do país fosse uma porcaria, você não é obrigado a gostar, mas no mínimo respeitar as manifestações artísticas populares. falou ainda que queiria trabalhar com publicidade, oi? A publicidade é o que movimenta o sistema capitalista! Ainda veio com um discurso machista, elitista e quase como racista ao falar das mulheres das camadas sociais mais baixas. E só para completar nós estávamos em um ônibus para ir ao show de bandas estadosunidenses.

No fim só se achava melhor que os outros por ter nascido em uma classe abastada, e por isso ter o poder de apontar todos os malditos defeitos do mundo e sem mover a bundinha burguesa para mudá-lo, apenas fazendo criticas sem fundamentou, ou ao menos convicção pessoal, uma vez que ele se encaixa no perfil duramente criticado por ele.

Bem, isso me deixou puta, e olha que já faz três meses que eu conheci o cidadão. E não, ele não falava comigo, ele falava alto.